A Oração

Já lhe contei sobre a minha conversão,  então hoje vou lhe contar sobre como a oração entrou em minha vida:

Oração pra mim era algo mecânico , que a gente dizia ("mastigava as palavras"), e pronto.

Aí veio a ida a Fátima,  e tudo mudou.

Naquele dia mesmo, sentado embaixo de uma oliveira na subida para os Valinhos, me veio uma vontade imensa de rezar um terço. Justo um terço, a oração de que eu mais fugi em minha vida, de repente virou uma sede em mim, uma vontade inexplicável. 

Comecei a rezar o terço, e nossa família o reza duas vezes por semana, nas segundas-feiras e sextas-feiras, mas nem sempre ele é-me suficiente.

Preciso de mais.

Nas noites de angústia, o Terço me sossega. Nos momentos de raiva (como no dia em que uma gerente de outra unidade se achou no direito de gritar comigo ao telefone porque estava fazendo o certo e meu gerente não me defendeu), ele me acalma. Nos momentos de crise e desespero, ele me mostra um caminho.Nos momentos de dúvida, ele me dá certeza.

Posso rezá-lo contando as orações nos dedos, nas contas de oliveira do meu terço comprado em Fátima, ou mesmo em um app que baixei em meu telefone, o importante é a oração, não "a mídia".

O terço sempre me dá paz. Rezá-lo, que antigamente era uma verdadeira tortura, tornou-se um momento de prazer, um momento que, com a casa adormecida e silenciosa, tiro para estar com Deus e comigo, um momento de conversa íntima com o Pai, em que ele responde às questões não formuladas, em que transporto para o meu lugar feliz... Que era a nossa fazenda, mas hoje é Fátima, as oliveiras em volta da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, cujo cheiro chego a sentir às vezes. Rezar o Terço, hoje, é um dos grandes prazeres de minha vida, e fico me perguntando porque tive que esperar a conversão para aprender a apreciá-lo...

Fica aqui a sugestão: Tire um momento de paz, e experimente rezar o Terço. Não pelos outro, ou seguindo as regras que alguém lhe impuser. Reze o Terço, somente o Terço, e veja se sua vida não se alegra!

Conversão

Eu fui batizado ainda bebê, cumpri todos os sacramentos,  quando criança e jovem ia à missa aos domingos,estudei em colégio católico,  mas nunca fui realmente um cristão. Talvez por causa de um livro chamado "Eram os Deuses Astronautas? ", que li quando criança, talvez por aversão à disciplina cega dos padres, por uma educação religiosa mais baseada na obrigação e castigo que no amor, eu nunca realmente vivi a cristandade, nunca vi e senti o amor de Deus, nunca me senti compelido a realmente agradecê-Lo por nada.

Com a idade e a paternidade, fui voltando a conhecê-Lo,  a querer ir à missa, a agradecer...

Mas ainda não era realmente cristão. 

Aí um dia minha esposa ganhou um prêmio em dinheiro, e decidimos convertê-lo em uma viagem. Estudamos, planejamos, mas na hora de comprar as passagens, estas ficaram tão caras que não daria para irmos aonde queríamos.  Quase que como prêmio de consolação decidimos ir a Portugal. 

Como parte do roteiro, reservamos uma manhã para irmos a Fátima, mais para agradar à  minha esposa.

Chegamos ao Santuário de Fatima às 0700 do dia 07 de abril de 2023. Uma fria (2ºC!) manhã de primavera, sexta-feira da Paixão.

Logo que chegamos,  entramos na Basílica de Nossa Senhora do Rosário,  aonde estão sepultados os Três Pastorinhos, as três crianças para quem Nossa Senhora apareceu em 1917.

E algo aconteceu comigo. Comecei a rezar e a chorar, e rezar chorar, e agradecer a Deus por tudo, e querer rezar mais...

Saímos da Basílica, sentamos na escadaria, e com emoção notei que quase em nossa frente estava a Capela das Aparições, erguida exatamente no lugar em que Nossa Senhora apareceu. Outro lugar em que chorei e rezei e chorei...

Ao longo daquela manhã vi o mesmo acontecer a outros, chegando rindo e fazendo algazarra, e saindo chorando.

Fomos a Aljustrel, a vila dos Pastorinhos, aonde visitamos os locais de outras Aparições... e lemos trechos da história dos Pastorinhos. 

E eu, que nunca gostei de rezar o terço, saí de lá ávido por um.

E comecei a sentir prazer em ir à missa, a sentir falta quando não vou.

E vontade de trabalhar mais por Deus e espalhar o Seu Evangelho,  sua boa nova,  pelo mundo.

Pois foi em Fátima, em Portugal,  em 07 de abril de 2023, às vésperas de completar 50 anos de idade, que eu finalmente me converti ao Cristianismo,  e abracei a Deus com todo o meu corpo e espírito. 

O Amor e o silêncio

Muitas vezes,  no calor de uma discussão, dizemos algo que, embora verdadeiro, magoa: 

Essa é a verdade dita sem amor.

Ela torna-se duplamente danosa, pois é verdade (não se pode negar) e não pode ser desfeita,  posto que é verdade.

Não ganhamos nada com isso. O que é "vencer uma discussão", principalmente se for com alguém que amamos? Uma vitória de Pirro.

Muitas vezes é melhor calar-se a dizer algo sem amor. Vemos constantemente gente reclamando que seu cônjuge fica calado e não esboça uma reação enquanto ela reclama disto ou daquilo. E se essa pessoa,  ao se calar,  estiver fazendo um ato de amor? Se preferiu não dizer nada a dizer algo s3m amor, e portanto que fira mais,  e não possa ser remediado?

Precisamos lembrar que todos nós, humanos, somos seres de amor. O amor não é apenas a essência do cristianismo,  mas de toda a humanidade, e agir sem ele é agir sem humanidade, e isso torna-se um pecado ainda maior.

Ele existe!

Em 2011 minha mãe tomou uma sopa estragada em um hotel e pegou uma infecção tão violenta que dois dias depois a levamos nas carreiras ao hospital aonde, na emergência,  ela teve 2 paradas cardio-respiratórias, e mais duas a caminho da UTI aonde ficou 18 dias intubada e em coma, depois seis meses internada.

Naquela noite, com os médico lutando pela vida de minha mãe literalmente na minha frente eu, que até então era se muito um cristão de fachada, rezei. Rezei com uma força que nunca tinha rezado antes - ou depois. Pedi a Deus, não por mim, que não mereço uma dádiva dele, mas por minha mãe. Pedi que ele permitisse que é.a vivesse mais um pouco, e pudesse ver o meu sobrinho (que na época era o unico neto) crescer. Pedi por ela e por ele.

Depois disso ela nunca mais teve saúde, lutou durante 13 anos e quando, em 22 de novembro de 2024 ela descansou, eu notei duas coisas:

1. Deus atendeu a minha oração,  pois ela viu não somente meu sobrinho crescer e se tornar um rapagão belo e inteligente, mas viu meus filhos nascerem e igualmente crescerem.

2. Ao atender a este pedido, Deus também atendeu a outro ainda mais antigo, pois mostrou que existe, e me ouviu.

DEUS EXISTE!

Ele está aqui, ao seu lado, e lhe ouve, se você falar com ele.

Você já notou que, se fizer algo realmente bom e do coração, sem interesse, pouco depois algo muito bom vai lhe acontecer? É ele atuando. Lhe usando. Fez você agir como um anjo (ao dar o remédio, a comida, o agasalho, o abrigo) para um estranho, e depois lhe recompensando. 

É Ele!

ELE EXISTE E ESTÁ CONOSCO!

Vamos nos alegrar e amar uns aos outros, pois é isso, e somente isso, o que ele quer!

Laughter

 Outro dia estava eu ouvindo música enquanto trabalhava, quando no meio da lista de reprodução entrou  a versão ao vivo de "Stairway to Heaven", do Led Zeppelin. Talvez uma das canções mais chatas do Rock, mas que eu gosto muito, principalmente como "som de fundo" enquanto trabalho.

De repente, do nada, ouvi o grito de Robert Plant no meio da canção, bem destacado do resto: "Does anybody remenmber laughter?" e a gritaria do público quase apagou o meu susto ao me pegar respondendo: 

I don't.

I just don't remember the last time I laughed. For pure mirth, in the middle of a laughing group, I just can't remember the last time that I laughed and saw laughter.

Hoje, conversando com minha consciência, ela me disse: Você não é feliz. E tive que concordar com ela. Eu, que já disse que era um ser pura e completamente feliz, que conhecia a felicidade, hoje não sou mais feliz, pelo contrário, vivo aperreado, pelos cantos, pelo chão... 

E como é que saio dessa? Será que ainda consigo redescobrir a felicidade?