- Após mais um dia de cão, em que o abandono e a indiferença mais uma vez me prostraram e quase desidrato por causa da perda de água, este poema nasceu. Pelo menos algo de bom saiu de um dia tão horrível.
Dúvidas de Domingo
06/08/06
Enquanto minh’água
O papel ensopa,
Lá dentro minh’alma
Triste, se esgota.
Por que sou tão solitário?
Por que viver sozinho?
Por que tão abandonado?
Tão só no caminho?
Será meu destino
Tornar-me ermitão?
Por que, desde menino,
Tanta solidão?
Por que meu maior sonho
Nunca realizarei?
Será que neste abandono
Sempre viverei?
Sem lar, sem família
Sem companhia nem nada,
Falando com a mobília,
Ouvindo a empregada?
Meus pais, uma mulher,
Ter filhos, amor,
Como outro qualquer
Não serei merecedor?
Uma pequena gentileza,
Um carinho, Uma ligação,
Um prato, uma miudeza,
Feitos com o coração?
Não mereço nada disso,
Feio, inútil, maldito.
Por isso profetizo
Viver sempre proscrito.
A água já me turva
A vista tão cansada
Melhor parar, que já custa,
Esta confissão desbragada.
Mainha, Patolina