O texto a seguir foi iniciado em 2006, para os 90 anos de Vovô, mas não ficou pronto a tempo. Foi agora modificado para ser lido durante a missa de sétimo dia. Espero que alegre e ajude vocês.
- Agora eu digo a você!
- Aaaai! Vou morrer de catapora!
- As comidas são variadas e os pratos são os mesmos!
- Olha a Xepa!
Quem não se lembra das frases de "seu" Aurélio?
Ou da "papa" de Cremogema, dura como um queijo?
Qual das netas, principalmente as mais jovens, nunca dançou de calcinha em cima da mesa da sala? Calma! Elas tinham no máximo seis anos...
Outra inesquecível é a castanha de caju. Desde que se instaurou a "quarta-feira", ele nunca deixou faltar a castanha de caju, assada no forno e nadando em manteiga. Ou a água de coco.
Cada um de nós pode citar dezenas de fatos engraçados e/ou belos que vivenciou com Vovô. Eu mesmo poderia passar horas - anos - contando histórias de minha vivência com "seu Aurélio".
Mas essas histórias, embora em sua maioria façam as pessoas sorrirem ou mesmo gargalharem, trariam tristeza, e esse é um sentimento que Vovô, acho, jamais gostaria que um de seus entes queridos sentisse. Eu mesmo não me lembro de jamais ter visto Vovô chorando...
Enquanto condensava três páginas da Bíblia em 5 minutos de leitura para o enterro, me lembrei que, acima de Católicos, todos os descendentes de Vovô e Vovó são Cristãos. Mesmo os que aderiram a outras seitas ainda são cristãos.
E me perguntei: Qual o princípio básico do Cristianismo? A resposta é clara: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei". E qual o segundo princípio do Cristianismo? Esse vem de sua religião-mãe, o Judaísmo: Os justos entrarão no reino dos céus.
Como Jesus mesmo nos disse:
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.
E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.
Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho”.
Meus queridos, De acordo com o credo cristão, se alguém é justo e bom, irá para um lugar melhor do que este (uma morada da casa do Pai). Embora tenha tido seus defeitos (e todos nós os temos), se houve um homem justo e bom em nossa família, esse homem foi Vovô. Se acreditarmos que Vovô foi um homem justo e bom, devemos nos regozijar por ele estar em um lugar melhor do que este.
O que morreu em 23/08/09 foi o casco. A essência, a alma, na verdade nasceu de novo. E nasceu em um lugar melhor do que esta terra em que estamos. Parou de sofrer.
Ao pensar nisso foi que notei que qualquer tristeza pela morte de Vovô seria egoísmo de minha parte. Notei que eu deveria alegrar-me por ele. E alegrar-me duplamente: Por ele ter deixado de sofrer aqui na Terra e por ter nascido para um “reino” melhor do que este.
Por isso que, quando um amigo querido veio me dar “os pêsames”, eu lhe respondi que estava feliz por Vovô. E é assim que me sinto: Feliz.
- Feliz por que “Seu Aurélio” descansou de suas atribulações e nasceu para a felicidade.
- Feliz por que “Seu Aurélio” reencontrou os seis filhos que o precederam na “nova morada”.
- Feliz por que “Seu Aurélio” pôde segurar em seu colo tantos filhos, netos e bisnetos.
- Feliz por que “Seu Aurélio”, junto de D. Lourdes, pessoas com no máximo o segundo grau, criou uma família com dezenas de bacharéis, vários Mestres e muitos Doutores.
- Feliz por que “Seu Aurélio” e D. Lourdes, embora tenham tido uma família enorme, nunca tiveram o desgosto de um descendente criminoso ou desviado.
- Feliz por que “Seu Aurélio” reuniu-se de novo a seu amor, a sua “Lourdinha”.
- Feliz por que “Seu Aurélio” continua vivo em 11 filhos, 27 netos e 10 bisnetos, com muitos mais a caminho.
Pessoal, “SEU AURÉLIO” ESTÁ VIVO!
E VIVA VOVÔ!