Todos dizem que o pai nasce junto com o primeiro filho, enquanto que a mãe nasce na concepção.
Peço vênia para discordar. O pai também nasce na concepção, apenas de outra forma. Enquanto a mãe passa os meses da gravidez sentindo tudo o que acontece com o bebê, na prática tendo ele só para si, o pai vive de migalhas.
Durante todos aqueles meses de gestação, o pai vive preso em um mundo diferente: até outro dia era filho, era protegido, e agora ele tem a obrigação de proteger. Proteger alguém que ele não sente, que ainda está escondido dele, mas que ele já ama acima de tudo. Aliás, obrigação não é bem a palavra. É mais um desejo maior do que ele mesmo, como se nada mais tivesse sentido.
Quando o bebê nasce, e o verdadeiro pai o recebe em seus braços, seu coração quase que explode de emoção.
Ver aquela pequena vida que ele ajudou a fazer, um verdadeiro milagre, é indescritível.
Só então, com essa ciranda de emoções à mostra, é que as pessoas vêem que ele nasceu, coisa que aconteceu meses antes.
Então vêm as fraldas, as mamadeiras, e vontade de chegar mais cedo em casa, de botar pra dormir, tudo pra poder passar mais tempo com o bebê.
Realmente, todos exaltam - e com razão - a mãe, mas é bom lembrar também do outro autor da façanha.