segunda-feira, 17 de outubro de 2005

A Angústia de uma Espera

Dando prosseguimento aos poemas, aí vai mais um. Antigo, mas mesmo assim sempre atual.
Um dos meus favoritos...

A angústia de uma espera

20/09/95

Coração, velho amigo,
Por que tanto tens batido?
Por quem tanto sofres
E choras e tremes
Deixando-me cansado e doente?

Talvez seja por aquela ingrata
Que te possui e te maltrata
Primeiro te seduz,
Te alegra e te faz cantar.

Depois some
Te deixando com fome
Sem ter como te saciar.

As horas vão passando
A noite vem chegando
E ela nada de ligar

O telefone toca,
Você para.
Te aquieta, idiota!
Era só uma velhota
Procurando um hospital.

As horas ainda passam,
A noite agora é completa.
Onde está minha boneca
Que notícias não tem dado?

Vou dormir contrariado,
Cansado da espera.
Mas qual!
Você está excitado
E o menor ruído nos desperta.

Chega a manhã ensolarada
Mas não nos diz nada
Pois a noite mal dormida
Nos cobra a sua paga.

Passamos o dia amuados,
Nervosos, irritados.
Onde está ela
Que até agora não tem ligado?

Paro para pensar e descubro:
Na verdade estou batendo em um muro.
Ela nunca em mim pensou...
Não valia o tamanho de nossa dor...

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

A Estrada

Seguindo com as postagens de poemas, lá vai um, dos poucos que já exibi em público. Espero que o senhor, meu único leitor, goste.


A Estrada

Ela - a estrada!
Estende-se à minha frente.
Buracos não são nada,
Voa a minha mente...

Quilômetros se sucedem,
Não vejo o tempo passar.
Duas coisas me impedem:
Velocidade, e vontade de chegar...

Não vejo nada, faróis me cegam.
Pensamentos voam longe
E a ti me levam...
Estás onde?

Insetos morrem à minha frente,
Uma raposa atravessa a estrada.
Não sais de minha mente,
Minha querida, amada.

Corro como o vento,
Na pressa de chegar.
Perdi noção do tempo...
Estarei a sonhar?
Posted by Picasa

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Acróstico

É isso aí, caro - e único - leitor desconhecido. Aproveitando o ensejo dado pelo post anterior, onde falei d'Ela, mais o fato de que nunca mais postei nenhum poema aqui, vou aproveitar para postar uma reminiscência do meu período negro, da depressão. A história dele é a seguinte: Eu já vinha a algum tempo com versos flutuando em minha cabeça, sem métrica nem forma, mas com o mote pronto. Aí ouvi aquela canção de Roberto Carlos, "Acróstico", e finalmente vi que havia chegado a hora de escrever o meu poema. O resultado é esse aí:

Acróstico do Destino

março – abril / 2004

Já não lembrava
A feição daquela menina
Naquela festa estava
Instalando-se na minha sina.
Numa noite de fevereiro
Elga dela me aproximava.

Dezesseis dias depois
Um beijo meu destino selou.
Aquela menina tão doce
Rindo me conquistou.
Telefonemas à noite
E quinzenalmente os encontros.

Cada vez mais
O amor me invadia.
E por aquela donzela
Loucuras eu faria.
Holocausto de amor
Onze meses depois acontecia.

Aquela linda mulher
Muito mais eu amava.
Outra qualquer
Risco nenhum lhe dava.
Dela, para sempre
Amando eu continuava.

Mas o destino,
Infelizmente tinha planos.
Numa série de desatinos
Hora a hora nos separamos.
Aquele casal se desfazia...

Veio um dia a gota d’água
Irritado terminei
Depois disso a vida acaba...
A vida não tem sentido.

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

Carta aberta

Pois é isso, voltei ontem da cidade onde vivi os dias mais felizes da minha vida. Visita rápida, só para relembrar os velhos lugares, sorrir de novo com as lembranças dos dias de bonança, rever a família adotiva, conhecer o novo "sobrinho"... E reparar um erro.

"Mas que erro?" Deverá o senhor, meu único leitor, estar se perguntando. Pois bem, para poder explicar melhor, terei que faer uma pequena digressão sobre sentimentos. Pronto? Pois lá vai: Não é segredo para ninguem, até mesmo quem não me conhece, como o senhor, sabe que o grande amor da minha vida foi, é e sempre será Janine. Mas daí a achar-se que penso em voltar a namorá-la vai um grande engano. Desde antes daquele fatídico 09 de dezembro de 2001 que eu sei que eu não sou, nem quero ser, o homem que ela quer e precisa ao seu lado. E nem ela é e nem consegue ser a mulher que eu quero e preciso ter ao meu lado. Voltar seria um erro tão grande quanto pular do 3º andar do prédio: só nos traria dor e mais nada.

Isto posto, deixe-me voltar no tempo até o dia 14 de fevereiro de 2004, quando voltei a Maceió após uma ausência de quase dois anos. Embora soubesse que isto iria um dia acontecer, até por que eu já tinha tido umas duas namoradas nesse período, foi a primeira vez que eu a vi em um bar com o namorado. E a filha dele. E descobri que não estava preparado. De jeito nenhum. O resultado? Pirei na batatinha, embirutei, e Dona Deprê chegou a galope na besta do apocalipse, pronta pra me derrubar de novo. Morri de medo de passar de novo meses chorando e, sem motivo pra viver, querendo morrer. Me lembrei que a solução para a crise anterior tinha sido uma conversa franca com ela, e portanto consegui, após várias tentativas erradas, ligar para ela, quando então fiz um papel horrível, disse que a amava, que não a tinha esquecido, que precisava falar com ela em particular, etc. Ela, como não entendeu o que estava acontecendo, logicamente entendeu errado as minhas palavras e tentou se desvencilhar de mim, ficou P da vida e pediu para que eu não aparecesse na casa dela no dia seguinte, como tinha combinado com o pai dela.

Os meses se passaram, e fui desta vez a Maceió mais maduro, mais certo de mim, e decidido a, se houvesse a chance, contar-lhe o que houve naquela noite e pedir-lhe perdão por ter lhe irritado. Mas não consegui. Embora eu tenha ido à casa dela ver a família (não para vê-la, juro) ela apenas parareceu alguns minutos na sala e depois trancou-se no quarto, não me dando a chance de dizer-lhe o que era necessário. Uma pena. Na saída o pai dela chamou-a várias vezes para despedir-se de mim, mas ela não desceu. Eu entendo.

Portanto eu peço um favor ao senhor, caro leitor desconhecido: Caso conheça Janine Duarte Coêlho, de Maceió, diga a ela que eu sinto muito se a irritei, se a chateei, se a magoei de novo, mas que precisava fazer aquilo para não morrer. Diga-lhe que entendo o seu aborrecimento, mas que não pense que a estou a rondar, que apenas pense em mim como um amigo, um irmão que lhe quer bem, nada mais. E diga-lhe que, se vou à casa dela é para rever aqueles que adotei como minha família, e para abraçar aquele que me adotou como filho. Diga à melhor coisa que já me aconteceu que desejo, do fundo do meu coração que ela seja feliz e que desejo que Henrique (se é que entendi o nome dele direito) seja o homem que eu não quis ser e a faça a mulher mais feliz do mundo, muito mais do que eu a pude fazer e mais ainda do que eu a quis fazer. Que lhe reafirme que sou seu amigo, seu irmão, um sujeito que não vale muito, mas estará sempre pronto a ajudá-la no que quer que ela queira e precise. E que o meu telefone ainda é o mesmo, e nunca é desligado.

terça-feira, 26 de julho de 2005

Meu funeral

Aí vão as instruções para o meu funeral. Só espero que sejam cumpridas...

'That ... be not told of my death,
Or made to grieve on account of me,
And that I be not buried in consecrated ground,
And that no sexton be asked to toll the bell,
And that nobody is wished to see my dead body,
And that no mourners walk behind me at my funeral,
And that no flowers be planted on my grave,
And that no man remember me,
To this I put my name.'
- Thomas Hardy

Ou, em português:
'Que... Não se saiba de minha morte
Nem se sofra por minha causa,
E que eu não seja enterrado em solo consagrado,
E que nenhum sacristão venha a tocar o sino,
E que não se peça que vejam meu corpo,
E que não seja seguido em cortejo,
E que não se plantem flores em minha sepultura,
E que eu não seja lembrado,
A isto subscrevo.' - Thomas Hardy.

segunda-feira, 9 de maio de 2005

Putaqueopariu!

Não agüento mais...
Ela não para de falar na porra da festa de casamento, mas não liga a mínima pro casamento em si.
Passa dias passeando pelos shopping centres com a mãe procurando objetos decorativos, mas tratar de ficar bem comigo nada.
Não confia em mim. Pra nada e em nada.
Como não me importo nem um pouco com festa de casamento, mas sim com ela, inventou de me chamar de inútil, de capacho de meu pai. E ontem passou dos limites: Me chamou de mentiroso.
Não agüento mais.
Hoje vou dar-lhe um ultimato, na verdde vou dar-lhe um choque. Vou acabar tudo. Ou ela se orienta ou pego o meu caminho. O que não posso é viver mais assim. De jeito nenhum.
Não agüento mais.

segunda-feira, 14 de março de 2005

De novo...

Sei que sofro de uma doença horrível, que chega até a matar. Mata o doente, ou o alvo da doença. O pior é que não é doença física, mas mental. De cura difícil, quase impossível, ela pode, no entanto, com muito tratamento, ser controlada, amansada, escondida.

Esta doença é a Síndrome dos Filhos de Quem Tem.

Quando adolesci (segundo a minha terapeuta, aos 20 e poucos anos), tinha crises horríveis de identidade e ódio por causa dela. Por que meu pai controlava tudo na minha vida. Por que eu não era nada, por que eu não tinha nada. Por tudo e por nada. Mas os anos se passaram, a terapia continuou, eu amadureci, cresci, criei luz própria (sem precisar mais negar o meu pai, como eu e outros colegas de doença fizemos) e achei que tinha domado a minha doença de vez, até me esqueci de prestar atenção a ela.

Aí ontem aconteceu: Mais uma vez. Meu pai tinha me prometido comprar-me um apartamento para quando eu me casasse com Cisne. Disse que eu fosse me organizando e procurando algo pois, quando ele tivesse dinheiro, seria para de uma hora para outra, em oito dias, comprarmos. Aí ele ontem fez de novo. Disse que me deu esperanças falsas, mas que não poderia comprar nada nem tão cedo. Que ele tinha sonhado em voz alta sem perceber que eu estava perto, e me deixei carregar. Que ele talvez - talvez - comprasse algo, sim, mas quando vendesse o apartamento em que mora. Em resumo: Que eu me explodisse.

E o que fico mais danado não é por ele ter feito isso, mas é ter caído de novo na mesma esparrela em que caio a tantos anos. Estou danado comigo mesmo por ter caído de novo, por ter-me deixado levar pelo canto da sereia, que me levou a uma recaída da minha doença.

Agora vou arrumar um abrigo até que a tempestade (emocional) passe. Depois a gente conversa mais!