sexta-feira, 23 de setembro de 2005

A Estrada

Seguindo com as postagens de poemas, lá vai um, dos poucos que já exibi em público. Espero que o senhor, meu único leitor, goste.


A Estrada

Ela - a estrada!
Estende-se à minha frente.
Buracos não são nada,
Voa a minha mente...

Quilômetros se sucedem,
Não vejo o tempo passar.
Duas coisas me impedem:
Velocidade, e vontade de chegar...

Não vejo nada, faróis me cegam.
Pensamentos voam longe
E a ti me levam...
Estás onde?

Insetos morrem à minha frente,
Uma raposa atravessa a estrada.
Não sais de minha mente,
Minha querida, amada.

Corro como o vento,
Na pressa de chegar.
Perdi noção do tempo...
Estarei a sonhar?
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segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Acróstico

É isso aí, caro - e único - leitor desconhecido. Aproveitando o ensejo dado pelo post anterior, onde falei d'Ela, mais o fato de que nunca mais postei nenhum poema aqui, vou aproveitar para postar uma reminiscência do meu período negro, da depressão. A história dele é a seguinte: Eu já vinha a algum tempo com versos flutuando em minha cabeça, sem métrica nem forma, mas com o mote pronto. Aí ouvi aquela canção de Roberto Carlos, "Acróstico", e finalmente vi que havia chegado a hora de escrever o meu poema. O resultado é esse aí:

Acróstico do Destino

março – abril / 2004

Já não lembrava
A feição daquela menina
Naquela festa estava
Instalando-se na minha sina.
Numa noite de fevereiro
Elga dela me aproximava.

Dezesseis dias depois
Um beijo meu destino selou.
Aquela menina tão doce
Rindo me conquistou.
Telefonemas à noite
E quinzenalmente os encontros.

Cada vez mais
O amor me invadia.
E por aquela donzela
Loucuras eu faria.
Holocausto de amor
Onze meses depois acontecia.

Aquela linda mulher
Muito mais eu amava.
Outra qualquer
Risco nenhum lhe dava.
Dela, para sempre
Amando eu continuava.

Mas o destino,
Infelizmente tinha planos.
Numa série de desatinos
Hora a hora nos separamos.
Aquele casal se desfazia...

Veio um dia a gota d’água
Irritado terminei
Depois disso a vida acaba...
A vida não tem sentido.

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

Carta aberta

Pois é isso, voltei ontem da cidade onde vivi os dias mais felizes da minha vida. Visita rápida, só para relembrar os velhos lugares, sorrir de novo com as lembranças dos dias de bonança, rever a família adotiva, conhecer o novo "sobrinho"... E reparar um erro.

"Mas que erro?" Deverá o senhor, meu único leitor, estar se perguntando. Pois bem, para poder explicar melhor, terei que faer uma pequena digressão sobre sentimentos. Pronto? Pois lá vai: Não é segredo para ninguem, até mesmo quem não me conhece, como o senhor, sabe que o grande amor da minha vida foi, é e sempre será Janine. Mas daí a achar-se que penso em voltar a namorá-la vai um grande engano. Desde antes daquele fatídico 09 de dezembro de 2001 que eu sei que eu não sou, nem quero ser, o homem que ela quer e precisa ao seu lado. E nem ela é e nem consegue ser a mulher que eu quero e preciso ter ao meu lado. Voltar seria um erro tão grande quanto pular do 3º andar do prédio: só nos traria dor e mais nada.

Isto posto, deixe-me voltar no tempo até o dia 14 de fevereiro de 2004, quando voltei a Maceió após uma ausência de quase dois anos. Embora soubesse que isto iria um dia acontecer, até por que eu já tinha tido umas duas namoradas nesse período, foi a primeira vez que eu a vi em um bar com o namorado. E a filha dele. E descobri que não estava preparado. De jeito nenhum. O resultado? Pirei na batatinha, embirutei, e Dona Deprê chegou a galope na besta do apocalipse, pronta pra me derrubar de novo. Morri de medo de passar de novo meses chorando e, sem motivo pra viver, querendo morrer. Me lembrei que a solução para a crise anterior tinha sido uma conversa franca com ela, e portanto consegui, após várias tentativas erradas, ligar para ela, quando então fiz um papel horrível, disse que a amava, que não a tinha esquecido, que precisava falar com ela em particular, etc. Ela, como não entendeu o que estava acontecendo, logicamente entendeu errado as minhas palavras e tentou se desvencilhar de mim, ficou P da vida e pediu para que eu não aparecesse na casa dela no dia seguinte, como tinha combinado com o pai dela.

Os meses se passaram, e fui desta vez a Maceió mais maduro, mais certo de mim, e decidido a, se houvesse a chance, contar-lhe o que houve naquela noite e pedir-lhe perdão por ter lhe irritado. Mas não consegui. Embora eu tenha ido à casa dela ver a família (não para vê-la, juro) ela apenas parareceu alguns minutos na sala e depois trancou-se no quarto, não me dando a chance de dizer-lhe o que era necessário. Uma pena. Na saída o pai dela chamou-a várias vezes para despedir-se de mim, mas ela não desceu. Eu entendo.

Portanto eu peço um favor ao senhor, caro leitor desconhecido: Caso conheça Janine Duarte Coêlho, de Maceió, diga a ela que eu sinto muito se a irritei, se a chateei, se a magoei de novo, mas que precisava fazer aquilo para não morrer. Diga-lhe que entendo o seu aborrecimento, mas que não pense que a estou a rondar, que apenas pense em mim como um amigo, um irmão que lhe quer bem, nada mais. E diga-lhe que, se vou à casa dela é para rever aqueles que adotei como minha família, e para abraçar aquele que me adotou como filho. Diga à melhor coisa que já me aconteceu que desejo, do fundo do meu coração que ela seja feliz e que desejo que Henrique (se é que entendi o nome dele direito) seja o homem que eu não quis ser e a faça a mulher mais feliz do mundo, muito mais do que eu a pude fazer e mais ainda do que eu a quis fazer. Que lhe reafirme que sou seu amigo, seu irmão, um sujeito que não vale muito, mas estará sempre pronto a ajudá-la no que quer que ela queira e precise. E que o meu telefone ainda é o mesmo, e nunca é desligado.