segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Domingo

  1. Após mais um dia de cão, em que o abandono e a indiferença mais uma vez me prostraram e quase desidrato por causa da perda de água, este poema nasceu. Pelo menos algo de bom saiu de um dia tão horrível.


Dúvidas de Domingo

06/08/06



Enquanto minh’água

O papel ensopa,

Lá dentro minh’alma

Triste, se esgota.


Por que sou tão solitário?

Por que viver sozinho?

Por que tão abandonado?

Tão só no caminho?


Será meu destino

Tornar-me ermitão?

Por que, desde menino,

Tanta solidão?


Por que meu maior sonho

Nunca realizarei?

Será que neste abandono

Sempre viverei?


Sem lar, sem família

Sem companhia nem nada,

Falando com a mobília,

Ouvindo a empregada?


Meus pais, uma mulher,

Ter filhos, amor,

Como outro qualquer

Não serei merecedor?


Uma pequena gentileza,

Um carinho, Uma ligação,

Um prato, uma miudeza,

Feitos com o coração?


Não mereço nada disso,

Feio, inútil, maldito.

Por isso profetizo

Viver sempre proscrito.


A água já me turva

A vista tão cansada

Melhor parar, que já custa,

Esta confissão desbragada.

Mainha, Patolina

Um comentário:

Anônimo disse...

Desde cedo aprendi que não há tempestade sem fim...
Espero que a sua já tenha tido.
Beijos.