segunda-feira, 5 de setembro de 2005

Carta aberta

Pois é isso, voltei ontem da cidade onde vivi os dias mais felizes da minha vida. Visita rápida, só para relembrar os velhos lugares, sorrir de novo com as lembranças dos dias de bonança, rever a família adotiva, conhecer o novo "sobrinho"... E reparar um erro.

"Mas que erro?" Deverá o senhor, meu único leitor, estar se perguntando. Pois bem, para poder explicar melhor, terei que faer uma pequena digressão sobre sentimentos. Pronto? Pois lá vai: Não é segredo para ninguem, até mesmo quem não me conhece, como o senhor, sabe que o grande amor da minha vida foi, é e sempre será Janine. Mas daí a achar-se que penso em voltar a namorá-la vai um grande engano. Desde antes daquele fatídico 09 de dezembro de 2001 que eu sei que eu não sou, nem quero ser, o homem que ela quer e precisa ao seu lado. E nem ela é e nem consegue ser a mulher que eu quero e preciso ter ao meu lado. Voltar seria um erro tão grande quanto pular do 3º andar do prédio: só nos traria dor e mais nada.

Isto posto, deixe-me voltar no tempo até o dia 14 de fevereiro de 2004, quando voltei a Maceió após uma ausência de quase dois anos. Embora soubesse que isto iria um dia acontecer, até por que eu já tinha tido umas duas namoradas nesse período, foi a primeira vez que eu a vi em um bar com o namorado. E a filha dele. E descobri que não estava preparado. De jeito nenhum. O resultado? Pirei na batatinha, embirutei, e Dona Deprê chegou a galope na besta do apocalipse, pronta pra me derrubar de novo. Morri de medo de passar de novo meses chorando e, sem motivo pra viver, querendo morrer. Me lembrei que a solução para a crise anterior tinha sido uma conversa franca com ela, e portanto consegui, após várias tentativas erradas, ligar para ela, quando então fiz um papel horrível, disse que a amava, que não a tinha esquecido, que precisava falar com ela em particular, etc. Ela, como não entendeu o que estava acontecendo, logicamente entendeu errado as minhas palavras e tentou se desvencilhar de mim, ficou P da vida e pediu para que eu não aparecesse na casa dela no dia seguinte, como tinha combinado com o pai dela.

Os meses se passaram, e fui desta vez a Maceió mais maduro, mais certo de mim, e decidido a, se houvesse a chance, contar-lhe o que houve naquela noite e pedir-lhe perdão por ter lhe irritado. Mas não consegui. Embora eu tenha ido à casa dela ver a família (não para vê-la, juro) ela apenas parareceu alguns minutos na sala e depois trancou-se no quarto, não me dando a chance de dizer-lhe o que era necessário. Uma pena. Na saída o pai dela chamou-a várias vezes para despedir-se de mim, mas ela não desceu. Eu entendo.

Portanto eu peço um favor ao senhor, caro leitor desconhecido: Caso conheça Janine Duarte Coêlho, de Maceió, diga a ela que eu sinto muito se a irritei, se a chateei, se a magoei de novo, mas que precisava fazer aquilo para não morrer. Diga-lhe que entendo o seu aborrecimento, mas que não pense que a estou a rondar, que apenas pense em mim como um amigo, um irmão que lhe quer bem, nada mais. E diga-lhe que, se vou à casa dela é para rever aqueles que adotei como minha família, e para abraçar aquele que me adotou como filho. Diga à melhor coisa que já me aconteceu que desejo, do fundo do meu coração que ela seja feliz e que desejo que Henrique (se é que entendi o nome dele direito) seja o homem que eu não quis ser e a faça a mulher mais feliz do mundo, muito mais do que eu a pude fazer e mais ainda do que eu a quis fazer. Que lhe reafirme que sou seu amigo, seu irmão, um sujeito que não vale muito, mas estará sempre pronto a ajudá-la no que quer que ela queira e precise. E que o meu telefone ainda é o mesmo, e nunca é desligado.

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